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A guerra comercial do Made in China 2025 e os impactos para o Brasil




O governo chinês lançou em 2015 o “Made in China 2025”, uma política industrial liderada pelo estado que busca tornar a China dominante na fabricação global de alta tecnologia. Em maio de 2024, o jornal South China Morning Post, de Hong Kong, estimou que 86% das metas haviam sido atingidas. Agora, um artigo da revista científica Nature cita o exemplo da cidade de Hefei, que graças ao plano MIC2025 tornou-se um dos polos de inovação da China, dobrando em dez anos sua produção econômica ao substituir áreas agrícolas empobrecidas por modernos parques tecnológicos e laboratórios de pesquisa. O programa visa usar subsídios governamentais, mobilizar empresas estatais e buscar aquisição de propriedade intelectual para alcançar — e então superar — a proeza tecnológica ocidental em indústrias avançadas.


Para os Estados Unidos e outras grandes democracias industrializadas, no entanto, essas táticas representam riscos econômicos e de segurança, insinuando possíveis invasões cibernéticas por parte do governo chinês. O presidente eleito Donald Trump disse que vai impor tarifas de importação de até 60% sobre os produtos da China como uma forma de conter atrasar as intenções do país.


O Made in China 2025 é um plano para atualizar a base de fabricação da China desenvolvendo rapidamente dez indústrias de alta tecnologia, incluindo os setores de tecnologia agrícola; engenharia aeroespacial; novos materiais sintéticos; equipamentos elétricos avançados; biomedicina emergente; infraestrutura ferroviária de ponta; e engenharia marítima de alta tecnologia. Esses setores são centrais para a chamada quarta revolução industrial, que se refere à integração de big data, computação em nuvem e outras tecnologias emergentes em cadeias de suprimentos de manufatura globais.


O objetivo final de Pequim é reduzir a dependência da China em tecnologia estrangeira e promover fabricantes chineses de alta tecnologia no mercado global. Semicondutores são uma área de ênfase particular, dada sua centralidade para quase todos os produtos eletrônicos. A China responde por cerca de 60% da demanda global por semicondutores, mas produz apenas cerca de 13% do fornecimento global. Até 2025, a China pretende atingir 70% de autossuficiência em indústrias de alta tecnologia e, até 2049 — o centésimo aniversário da República Popular da China — busca uma posição dominante nos mercados globais.


No âmbito econômico, os críticos dizem que a China está distorcendo os mercados globais ao priorizar considerações políticas em detrimento de incentivos econômicos.  Enquanto isso, empresas sediadas nos Estados Unidos, Europa e outros lugares reclamam de uma assimetria na qual a China é livre para investir em países estrangeiros, mas empresas estrangeiras que vendem e operam na China são altamente limitadas por requisitos de investimento e outras regulamentações.


O Made In China 2025 traz impactos diretos na indústria, na agropecuária, nos empregos e nos salários do Brasil. Ainda falta ao Brasil uma estratégia e um núcleo central de operacionalização, constituído por especialistas no país, segundo um estudo recente sobre as exportações brasileiras para a China, apresentado no blog “Conexão Ásia”, que revelou a falta de articulação e de estratégia nacional na relação comercial com a China. De acordo com o estudo, seguimos exportando essencialmente produtos primários e importando cada vez mais produtos com média e alta tecnologia. Até mesmo no mercado de veículos, o Brasil está perdendo espaço para as marcas chinesas na América Latina.


Neste sentido, torna-se essencial uma estratégia de mercado mais competitiva para enfrentar esta forte concorrência chinesa, como buscar parcerias e vantagens de produção, investir em tecnologia, identificar e fortalecer a marca nacional, apostar na agilidade e no suporte, apresentar um atendimento mais rápido e eficiente, por exemplo. É exatamente nisso que a Feira Logistique se especializa a cada nova edição, buscando, através de seus fóruns, debates, summits e exposições, desenvolver o potencial do setor logístico catarinense e nacional para que pessoas e empresas do Brasil consigam enfrentar desafios e competir comercialmente de forma estratégica e eficiente. A próxima edição acontece entre os dias 12 e 14 de agosto, no Expocentro, em Balneário Camboriú, Santa Catarina.

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